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terça-feira, 11 de abril de 2017

Testemunhando sobre o que recebi

Há vinte e quatro anos tomei a decisão de não ser a dona da minha vida. Na verdade eu nunca fui, mas não sabia disso e enquanto tomava as decisões erradas e colhia consequências dolorosas, admiti minha incapacidade e num certo dia me rendi à Cristo, no chão da cozinha da minha casa, sem apelo, sem música de fundo, sem líder persuadindo, sem bagagem religiosa. Apenas o reconhecimento da minha miséria e Deus me resgatando para uma consciência pautada no Evangelho.

Depois disso, achei que deveria conhecer a Palavra e a amei. Achei que deveria conhecer as denominações evangélicas e aprendi alguns parâmetros, conheci algumas mentalidades, conceitos, fiz parte de liturgias, rituais,  assumi responsabilidades com a religião, contribuí com o que tenho e sou durante pelo menos vinte anos. Sempre fui muito interessada em estudar a fé cristã e cumpri todos os anos de uma caminhada em busca da sã doutrina.

Deus me deu oportunidade de caminhar junto com pentecostais, neopentecostais, tradicionais, reformados... enfim, entendo hoje que eu precisava fazer parte desses grupos, para falar deles com propriedade. Foram muitas situações que contribuíram para que eu fosse moldada e me tornasse quem sou hoje. Até que um dia entendi que fui chamada para assumir uma postura na vida, independente desses conceitos aprendidos em instituições, empresas religiosas, pois o que se tornou fonte para mim, foi a própria Palavra de Deus.

Para as pessoas que ainda estão limitadas ao que aprenderam de outros homens, sou um tipo de crente desviado, pra outros sou rebelde ou guardo rancores que me deixam estagnada. Mas aos meus olhos sou alguém resgatado do império das trevas, para me submeter apenas à Cristo, meu único Pastor e Senhor da minha vida.

Nasci para desconstruir os enxertos da religiosidade que leveda toda a massa e resgatar a pureza do Evangelho de Cristo, que nos deixa livres para ir por onde o Vento do Espírito nos conduz, levando espírito e vida que são os ensinamentos de Cristo às pessoas, conscientizando-as de que são elas a Igreja onde Deus habita e não aqueles endereços mistificados.

Templo para mim é Cristo, porque foi Nele que Deus reconciliou o mundo no único culto aceitável à Ele. Neste templo eu vivo todos os dias da minha vida, da hora que acordo até a hora que durmo, sem interrupção e integralmente. Sou serva que trabalha por esta causa, Evangelho é a razão da minha existência. Não como um discurso aprendido e repetido, mas como carta viva, que caminha e frutifica, como organismo vivo que é. Por isso fomos chamados Corpo de Cristo. Nos movimentamos pela vida, sendo luzeiros que o refletem na vida uns dos outros.

Não é possível desconstruir conceitos religiosos, fazendo parte da religiosidade, por isso saí. Os traumas, dores e decepções que assolaram minha alma, não foram mais que instrumentos necessários para me aperfeiçoar nesta convicção.

Amigos que fiz e faço pelo caminho, são meu suporte, comunhão é o que tenho no abraço e na mesa, quando abro minha casa e meu coração ou quando alguém faz o mesmo por mim. Não tenho o nome arrolado em rol nenhum pois me basta tê-lo no Livro da Vida.

Estou vazia de ilusões a meu respeito e descanso nos méritos de Cristo. Sei que Ele é meu sustento, minha companhia e meu alvo até o fim. E depois do fim, meu descanso eterno.

Sou feliz assim. Minha vida, casa e coração sempre estarão abertos para quem tiver interesse em caminhar comigo. Mas não me sinto obrigada a fazer esforço algum para ser aceita, ou para concordarem comigo. Apenas falo e até hoje não encontrei quem me refute com coerência. Não há nada mais prazeroso do que sentir a aprovação de Deus. Nada na minha vida ficou sem resposta ou sem que no final eu tenha compreendido sua necessidade, mesmo os percalços, contingências e adversidades.

Que ninguém espere de mim, nada que o próprio Deus não trate comigo, pois com esta serva, Ele não manda recado. Tudo o que fiz, faço e farei, é com muita convicção e com paz na alma. Não sou persuasível e nem respondo bem à pressão. 

Quem me tornei dependeu unicamente da Graça de Deus, pois não precisei da estrutura religiosa nem para a conversão e nem para aprender o que aprendi. Comigo foi assim, sou fruto que nasceu da vontade de Deus e é sobre a minha consciência que responderei diante Dele.

Lembram de Marta e Maria? Sim, Deus me deu uma vida propícia à sentar-me diante de Cristo para ouvir Dele e é com esta sede e fome do Evangelho que consumarei os meus dias.

Jesus é meu tudo e minha suficiência.


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