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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Atemporalidade




Deus colocou no meu coração, uma série de assuntos que pretendo desenvolver com alguns irmãos na fé. Claro que não tenho a pretensão de ter todas as respostas e certamente surgirão muitas questões no caminho, mas pretendo usar a simplicidade do meu entendimento, para facilitar a assimilação de toda a Bíblia, conforme Deus a revela à mim. Portanto, se este assunto te interessar, saiba que darei continuidade nos próximos textos.

Como seres finitos, temporais e limitados, é mais do que óbvio que não assimilaremos um ser eterno, atemporal e ilimitado. Muito menos alcançaremos plenamente a razão para todas as coisas que nos cercam, mas por meio da intuição, encontraremos as respostas, à medida em que as questões apareçam.

Para mim, ser atemporal, implica não somente em estar à margem do tempo, mas ter o domínio do tempo, como se o tempo fosse um objeto na mão de Deus. Eu o imagino como se fosse uma bola, onde Deus não só tem acesso ao passado, presente e futuro, como o faz simultaneamente. Uma bola, porque não se sabe onde começa e onde termina. Assim, no mesmo momento em que contempla Adão no Éden, revela à João coisas que ainda não aconteceram para nós. Pelo que entendo, foi concedido à João, pisar o solo da atemporalidade e não apenas uma visão confusa do que há de vir.

Quando olha a vida do homem, também a faz sem intervalos e divisões de tempo. Imagino que quando olha minha vida, ela se apresenta como uma régua, toda marcadinha, onde é possível ver a menina Janete internada em um hospital, a moça grávida e a mulher que escreve este texto, todas simultaneamente. Desta forma, por presciência, Ele já sabe o que ainda nem fiz e sabe se cheguei no último dia em Cristo.

Cristãos costumam interpretar o texto "Para Deus, um dia é como mil anos e mil anos é como um dia", justificando a demora nas respostas de oração. Para mim, Pedro apenas está dizendo, que os decretos de Deus são eternos e que acontecerá o que precisa acontecer. Se minha oração está em sintonia com o propósito eterno, ela acontecerá. Caso seja apenas vaidade minha, será em vão minha oração.

Pois bem. A Bíblia cita em alguns versículos, que o Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo. Isto significa que a Graça de Deus, é tão atemporal quanto Deus. Como pode o perdão vir antes do pecado? Como podemos já nascer inseridos num contexto de amor, que já nos resgata da morte, antes de nascermos? Relaxa, gente. O tempo é um problema nosso...

Deus fora do tempo, tem o tempo em seu domínio. Já viu todas as coisas e sonda até a intenção do homem. Não podemos limitar Deus, para que se encaixe em nossos conceitos, porque Ele é Espírito e não homem. Embora a percepção humana o assimile como homem, com sentimentos, ética, conceitos, cultura e sexo, não podemos esquecer nunca a nossa limitação encerrada em carne, osso e sangue.

O tempo de criação que durou 6 dias, sendo o sétimo o dia do descanso, não é literal, mas metáfora para representar toda a história da humanidade, sua evolução e progresso. O dia do Senhor é o último, que é eterno, onde enfim entraremos no seu descanso e seremos UM com Ele.

O Cordeiro foi imolado na eternidade, a promessa foi feita ao homem no Éden, Jesus encarnou e consumou a Obra Redentora há dois milênios apenas e o resultado disto, é que também seremos eternos. Fica doido ainda não, viaja comigo mais um pouco.

Como ser atemporal, Deus não entra e sai do tempo quando quer. Como vê todas as coisas simultaneamente, já interveio em cada vida, quando cada vida se colocou em sua dependência. Ele não escolheu abençoar um e rejeitar o outro, nós é que tomamos posse das situações dentro do tempo e somos bem sucedidos nelas, à medida em que entramos em sintonia com o propósito eterno, o plano global de Deus.

Deus sabe que a menina no hospital tinha intercessores fiéis à Ele, sabe que a moça grávida, embora cheia de marcas e dor, guardava sua esperança e sabe que a mulher que escreve o texto, vive para serví-lo. Antes que eu existisse, Ele me viu até o fim. Todos os sins e nãos que a vida me deu, Ele já está ciente. É por isso que já não peço isso e aquilo, peço para ser guiada em Sua Vontade, muito melhor que a minha.

Para mim, Ele criou e descansou. Nós é que assimilamos tudo dentro do tempo, conforme vamos avançando. O menos importante nisso tudo é entender a atemporalidade. Mas ela nos remete à Grandeza de um Deus Soberano, que sabe mesmo de todas as coisas. Só precisamos confiar que Ele nos deu a Palavra que é lâmpada para nossos pés e que viver por Ela, é chegar em segurança fora do tempo.

Um comentário:

  1. Este comentário que postarei a seguir, foi feito pelo Pr Reginaldo Xavier no meu facebook. É referente a este texto e me emocionou muito.

    "Janete, acabo de ler o texto sobre Deus estar fora da nossa cronologia humana, terrena, escravizadora e escravizante. E, digo o seguinte: você escreve conforme crê. Livre, como legítima filha da Jerusalém Celestial. Porquanto Deus é atemporal, e isto, independente de quem creia. Ele é. Continue assim, pensando para fora dos portões da instituição cristã, e seus mapas doutrinários, que não apenas espreitam, como tentam cercear a liberdade daqueles que receberam o colírio da Graça, e tiveram mentes, olhos, e corações abertos, para enxergarem a Deus, na face exclusiva Cristo, e não nas caricaturas cristãs históricas. Nele, tudo está consumado desde sempre, e se manifestou pouco mais de dois milênios atrás, por amor de todos nós. Para que o que era sombra na antiga aliança, seja realidade, numa eterna, viva, e nova aliança no Cordeiro Santo de Deus, através do pacto entre o Pai e o Filho desde a eternidade. Está consumado. Deus tudo fez antes de criar. Viu antes de trazer à existência. E conheceu tudo e todos antes que qualquer átomo, mundos, planetas, pessoas e matérias viessem a existir. A cronologia é a orientação do tempo para nós humanos. Todavia, Deus jamais se limitou ao "cronos", que é a medida de tempo para nós humanos. Deus é "Olam" no hebráico e "Aionos" no grego. Ou seja, eterno, infinito, criador e sustentador de todas as coisas. Inclusive para os céticos, que apesar de irem a um templo cristão, jamais experimentaram em si mesmos a graça e o amor de Deus. E que por ignorância ou pela incredulidade, tentam discernir Deus a partir da estrutura humana, finita, e, em si mesma, separada de Deus. Não temas, crê somente."

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